Em 2015 adotei o termo “feminilização”, “mulheres não feminilizadas” e “lésbicas não feminilizadas”. Recentemente venho repensando. Todas as mulheres são feminilizadas, pois, submetidas ao processo de feminilização, estratégia de dominação do patriarcado. É preciso propor palavras que expressem com exatidão. Nesse sentido, “mulheres assertivas” talvez seja mais adequado.
Enquanto isso, vamos ao que temos.
Mulheres não feminilizadas, em especial mulheres lésbicas não feminilizadas questionam muitas regras que o patriarcado impõe às mulheres.
A postura assertiva expressa o que são e o que querem ser, em termos de comportamento, estética e posicionamento no mundo. Muitas vezes, ser assertiva, significa reagir a violências de forma incisiva e imediata. Discordar de forma explícita. Falar de forma direta. Não falar por trás, argumentar direto com alguém de quem discorda ou com quem quer iniciar um novo projeto. Não “enrolar” ou “fazer jogos psicológicos”. Falar sobre assuntos que por vezes se prefere evitar. Fazer denúncias públicas. Propor soluções. Demonstrar fragilidade quando necessário, acolher pessoas próximas. É uma postura que intervém no coletivo.
Em termos de estética, muitas vezes se questiona as violências corporais patriarcais, como a obrigatoriedade de remoção dos pelos, de pintura facial, de utilizar acessórios, roupas com tecido frágil, sapatos que dificultam a mobilidade.
São muitos fatores.
Muitas vezes, pessoas heterossexuais cultivam um ódio a essas mulheres. Em muitos casos, o ódio se expressa em indiferença e abandono psicológico. Este se intensifica quando a mulher é identificada como lésbica ou quando se assume. Em muitos casos (mas não todos) a “melhor amiga”, irmã, mãe, pai, amigo próximo, grupo de trabalho, círculo próximo de amizades se transformam em pessoas indiferentes, quase estranhos frente à lésbica assertiva. Abandonam pois desumanizam, retiram a dignidade na relação social, tentam anular sua existência coletiva, fingem que não existe.
Pois bem, existimos.
A violência psicológica será explicitada.
Continuaremos a propor laços de acolhimento e de não violência.
Daniela Alvares Beskow
22 de agosto de 2021
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